O texto misto é aquele no qual utilizamos
modalidades diferentes de redação: narração, descrição e dissertação.
Poderíamos encontrar, neste tipo de texto,
as três modalidades ou apenas duas delas,as quais se combinariam de diferentes
formas: dissertação e narração, dissertação descrição, narração e descrição.
Optamos por abordar, neste livro, a
elaboração do texto misto composto por narração e descrição. Parece razoável
supor que, nas redações escolares, você será solicitado inúme-ras vezes, a
compor narrações que, a nosso ver, poderiam ser enriquecidas pela introdução de
trechos descritivos.
Nesse tipo de texto predomina basicamente a
narração, podendo haver um ou dois trechos de descrição: ou de algum personagem
ou do local onde a história narrada se passa. Há também a possibilidade de
introduzirmos um pequeno texto descritivo men- cionando as características de
um objeto que, por qualquer motivo, assuma alguma im- portância dentro da
história.
Embora haja possibilidades diferentes de
estruturarmos um texto misto, podemos traçar um esboço de um esquema de
composição de texto misto, o qual se mostre o mais abrangente possível.
Lembre-se: ele é basicamente constituído pelo esquema da narração, com alguns
acréscimos de trechos descritivos.
Esquema de
composição de texto misto
Título
1º parágrafo
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Explicação sobre
que fato ocorreu.
Quando aconteceu.
Onde tudo se
passou.
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Introdução
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2º parágrafo
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Descrição do local onde o fato ocorreu.
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Desenvolvimento
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3º parágrafo
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Personagens envolvidos e causas do fato
(incluindo trecho de descrição de algum personagem). Como tudo aconteceu.
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Desenvolvimento
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4º parágrafo
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Consequências do fato.
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Conclusão
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Tendo em vista as explicações dadas em
capítulos anteriores, tornam-se desnecessárias longas explicações sobre o
esquema dado. Convém apenas mostrar-lhe um exemplo de uma redação elaborada a
partir dele.
Inimigo meu
Ocorreu um lamentável incidente entre Sérgio
Henrique e Fábio Augusto, vizinhos de uma rua pacata da Zona Oeste de São
Paulo, quando assistiam a uma partida de futebol, no estádio do Morumbi.
A rua em que moravam era um tanto estreita
e dos dois lados era constituída por pequenos sobrados - todos de mesmo estilo
de construção - que, outrora, pertenceram a um só dono. Os sobrados dos dois
rapazes eram separados somente por uma pequena mercearia. Nas tardes de fim
de semana era comum, devido ao quase inexistente tráfego de veículos, a
formação de um grupo de meninos para jogar ali o futebol de rua.
Mas os dois moços nunca jogaram juntos.
Conheciam-se de vista apenas, pois tinham nascido e crescido ali. Entretanto,
nunca trocaram uma só palavra, apenas olhares hostis, numa demonstração de
desprezo incomensurável. O motivo daquele ódio de quase duas décadas era o
amor que cada um tinha por seu time de futebol: duas agremiações esportivas
tradicionalmente rivais.
Em uma ensolarada tarde de domingo, o Morumbi
novamente acolhia um público gigantesco para mais um clássico. Os torcedores
chegavam animados, dirigindo-se para os lugares destinados às diferentes
torcidas. Porém a agitação era bem menor nas cadeiras numeradas. Sérgio
Henrique, com seu jeito tímido, calado e calmo, sentou-se em sua cadeira,
feliz com a expectativa de vitória iminente do time, que era praticamente a
razão de sua existência, já que abarrotava o seu quarto costumeiramente de
bandeiras, camisetas, flâmulas, fotos autografadas e tudo o mais que se possa
imaginar. Cinco minu-
tos
após, tomava assento, três fileiras abaixo, Fábio Augusto. Os dois levaram dez
minutos para perceber a presença um do outro. O sorriso desapareceu do rosto
de Sérgio Henrique; um calafrio de ódio invulgar percorreu a coluna vertebral
de Fábio Augusto. A partida começou. Um dos times marca o primeiro gol. O
time adversário consegue o empate. E, antes que a partida tivesse qualquer
definição, os dois vizinhos correram simultaneamente por sobre as cadeiras,
pisando involuntariamente nos espectadores e engalfinharam-se numa luta
corporal que espantou a todos.
Depois de separados pelos guardas que, a
muito custo, contiveram seus ânimos, foram levados para o plantão policial do
estádio e lá, sentados lado a lado em um banco, ficaram duas horas no mais
absoluto silêncio, sem trocar nem mesmo um olhar, até serem liberados pelos
soldados.
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Procure lembrar sempre: o esquema não deve
limitar a elaboração de seu texto. Ele é uma sugestão. Irá, com certeza,
orientá-lo a compor o texto misto, caso sinta alguma dificuldade inicial. No
entanto, você é livre para alterá-lo da maneira que julgar conve- niente. Nada
o impede, inclusive, de começar seu texto por um parágrafo descritivo.
EXERCÍCIOS
1.Componha um texto misto contando um fato totalmente inesperado que aconteceu com
você durante um acampamento, em uma manhã chuvosa.
2.Elabore
um texto misto falando do roubo de
um colar de diamantes. Procure basear-se no esquema de composição de texto misto, mas, no segundo parágrafo, em
vez de descrever o local dos
acontecimentos, descreva o objeto
roubado. Não se esqueça de criar um título interessante.