Conforme vimos, a redação na qual
expressamos nossas ideias sobre determinado assunto denomina-se dissertação. Nesse tipo de composição
existe uma ideia central, que tentamos defender pela apresentação de argumentos. No decorrer da dissertação.
esses argumentos são expostos de modo a explicar detalhadamente nossas ideias
acerca do assunto tratado.
Para resumir um texto dissertativo. basta
que procuremos a ideia central. Ela
está diretamente relacionada ao assunto básico; é o que chamamos tema. Normalmente, vem no primeiro
parágrafo da dissertação: é uma afirmação que fazemos sobre o assunto tratado.
Depois de encontrar essa afirmação (ideia
central do texto), buscamos os ar- gumentos principais utilizados no texto
para a comprovação dessa afirmativa.
No resumo não devem constar ideias
secundárias, detalhes de menor importância e exemplos referidos na
argumentação. Ele deve ser somente constituído dos elementos indispensáveis
para a compreensão das ideias básicas do texto.
Observemos primeiramente como uma ideia central (tema) pode ser desenvolvida através da argumentação. Em seguida,
utilizaremos o processo inverso, no qual você terá que resumir os textos que
lhe serão apresentados.
Vamos partir da seguinte ideia central.
No
processo educacional deveria haver dois objetivos básicos: estimular um
comportamento ético e despertar o estudante para as suas aptidões.
Uma vez apresentada a ideia, buscaremos
argumentos que justifiquem essa afirmação:
ARGUMENTO I
Parece-nos que é
função primordial da escola tentar cons-
cientizar o indivíduo dos limites do seu espaço de atuação
no
grupo social, de modo a torná-Io um ser dotado
de so-
ciabilidade e ética.
ARGUMENTO
2
Pelo
estudo das diversas disciplinas, o aluno entra em contato
com
diferentes áreas de atividades. Isso possibilita que ele per-
ceba suas
aptidões.
A partir dessa idéia central e dos
argumentos, seria possível elaborar o seguinte texlo dissertativo:
O PROCESSO EDUCACIONAL E
SEUS OBJETIVOS
Quando se analisa o processo
educacional e se questionam seus principais objetivos, não podemos deixar de
observar a existência de dois planos diferenciados: o aspecto individual,
relacionado ao comportamento do aluno, e o profissional, voltado para o
despertar de suas potencialidades.
Na escola, a criança tem a oportunidade
de participar de um pequeno grupo social mais complexo que o grupo familiar. Desde
cedo, é função do educador tentar mostrar, por palavras e atitudes, a
importância de certos fundamentes básicos da convivência social: o
comportamento ético em relação aos colegas e professores, a preservação do
ambiente, o respeito pelos regulamentos e também a conscientização de seus
direitos como estudantes.
Além disso, parece-nos essencial que, uma
vez observada determinada aptidão para certas atividades, o aluno seja incentivado
a desenvolvê-las progressivamente. Estimular a curiosidade científica, a
expressão escrita e oral, levar o aluno a pesquisar assuntos de seu interesse,
dentre outras coisas, darão a ele a oportunidade de escolher uma profissão
através da qual se realize.
Dessa forma, a escola estaria prestando uma
colaboração indispensável para formar cidadãos preparados para conviver
harmoniosamente com a comunidade e dela participar de modo efetivo, no
desempenho de sua função profissional.
RESUMO DO TEXTO
Entendemos que os objetivos básicos do
processo educacional deveriam ser estimular um comportamento adequado no
convívio social e possibilitar que o estudante descobrisse suas aptidões
profissionais.
É função da escola tentar conscientizar
cada um da importância do respeito que se deve ter por todos os semelhantes. Da
mesma forma, o estabelecimento de ensino tem como meta central colocar o aluno
diante das mais diferentes áreas de atividades, para perceber suas inclinações
e escolher uma profissão através da qual possa se realizar.
Veja que, no resumo, você utiliza as suas
próprias palvras. Não convém copiar trechos do texto de modo a construir o resumo. Ele deve nascer da
compreensão do texto e reunir somente as ideias principais nele contidas.
EXERCÍCIOS
Tente resumir algumas
das dissertações apresentadas nas postagens anteriores. Sugerimos que você
reúna o tema e os argumentos utilizados em cada texto, a fim de sintetizar as
ideias centrais. Para facilitar sua
escolha, reproduzimos a seguir, algumas dessas dissertações.
TERRA, UMA PREOCUPAÇÃO
CONSTANTE
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves
problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em
completa miséria, a paz é interrompida frequentemente por conflitos
internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por
sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas
incalculáveis — estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre
indivíduos —, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra.
Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África e Ásia,
vemos, com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre
as nações, com a a fome e as doenças matando milhares de pessoas
Além disso,
nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste
lembrança das guerras que dizimaram populações . Em nossos dias, testemunhamos
conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos
Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos
causou. Atualmente,
temos os constantes ataques terroristas dos Estados Islâmicos, causando tantas
mortes O caso dos sírios que estão fugindo de seu país devido à guerra,
arriscando-se em barcos pelo mar, muitos morrendo afogados, é um trágico
exemplo desse problema atualmente.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico,
provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos
desordenados, poluem as águas dos rios, jogam lixo em lugares inadequados,
poluindo cada vez mais o meio ambiente. Também há os casos de desmatamento
descontrolado, da realização de queimadas, que destroem o ecossistema. Tais
atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões,
acabe por se transformar em local inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que o
homem está muito longe de solucionar os graves problemas que afligem
diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa
consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja
feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as
adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais
facilmente habitado pelas gerações vindouras.
A
PENA DE MORTE
Cogita-se, com muita frequência, sobre a implantação da pena de morte no
Brasil. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão.
Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os
assassinos perigosos, impedindo-os de cometer crimes monstruosos, dos quais
costumeiramente temos noticia. Além do mais, aliviaria, em certa medida, a
superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos, considerados
irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros.
Outros, porém, não conseguem admitir a ideia de um ser humano tirar a vida de
um semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há registros
históricos de pessoas executadas injustamente, pois as provas de sua inocência
evidenciaram-se após o cumprimento da sentença. Por outro lado, a vigência da
pena de morte não é capaz de, por si só, desencorajar a prática de crimes:
estes não deixaram de ocorrer nos países em que ela é ou foi implantada.
Por todos esses aspectos, percebemos o quanto é difícil nos posicionarmos
categoricamente contra ou a favor da implantação da pena da morte no Brasil.
Enquanto esse problema é motivo de debates, só nos resta esperar que a lei
consiga atingir os infratores com justiça e eficiência, independentemente de
sua situação socioeconômica. Isso se faz necessário para defender os direitos
de cada cidadão brasileiro das mais diversas formas de agressão das quais é
hoje vitima constante.
ALÉM DA DOR
Difíceis, sacrificados, penosos.
Isso é o mínimo que podemos dizer destes últimos anos em que o povo, saindo do
regime de exceção, percorre a árdua trajetória na reconquista da liberdade e da
consolidação das instituições democráticas.
Ninguém pode negar que hoje vivemos em plena liberdade. Todo e qualquer cidadão
tem a possibilidade de expressar-se sobre os assuntos de seu interesse e
inexiste a censura nos espetáculos artísticos e meios de comunicação.
Entretanto, para que chegássemos a viver respirando liberdade, foi necessário
um reaprendizado, durante o período de transição democrática, no qual o cidadão
confundia frequentemente a liberdade com a crítica irresponsável e desprovida
de qualquer fundamentação. A liberdade associada à responsabilidade é uma
conquista que ainda está por ser completamente alcançada.
Vítima
do despreparo de nossos governantes, no que se refere à planificação, à
elaboração de diretrizes viáveis e duradouras, nossa nação tem sido
progressivamente esmagada por planos econômicos mirabolantes e efêmeros, que
instalam a desconfiança, a insegurança em todos os setores produtivos da
economia. Apesar d equívocos ou descasos dos que detêm a responsabilidade de
suprir as necessidades primordiais do povo, nossas instituições solidificam-se
a cada dia. O Congresso Nacional faz-se presente nos momentos decisivos da
nossa história, não obstante seus graves problemas estruturais. E, além disso,
os poderes Executivo e Judiciário nunca antes trabalharam com tanta
independência e relativa tranquilidade.
Assim, embora famintos em sua maioria, apreensivos em sua quase totalidade, a
nação aguarda, ora mais esperançosa, ora em desalento, que o seu sacrifício
diuturno além de garantir a liberdade e manter as instituições, possa também
ter valido a pena, no momento em que vir garantido o direito de prover seu
sustento com dignidade.
TRIBUTO
SOBRE A FOME
A
maneira mais fácil de um governo resolver problemas com rapidez é aumentar a
carga tributária. Quando já não é viável aumentar o que já foi diversas vezes
aumentado, criam-se novos impostos. No Brasil, este procedimento é rotineiro e
contribui para acelerar o processo de pauperização do nosso
povo.
Os
especialistas em Direito Tributário estimam que o número de impostos pagos
pelos brasileiros é de, no mínimo, sessenta. São inúmeros os tributos indiretos
que, cobrados em cada produto que adquirimos, incidem igualmente sobre o
cidadão, quer ele ganhe um salário mínimo, quer seja um poderoso industrial.
O
mais assustador não é o número de impostos, mas o fato de que tendem a aumentar
com o passar do tempo. É admirável a criatividade de nossos governantes no que
tange à implantação de impostos insólitos, como o selo-pedágio, o compulsório
sobre os combustíveis e tantos outros. Alguns deles, de tão bizarros,
fazem lembrar do imposto sobre as janelas, instituído em há séculos na
Inglaterra, e que determinou o tamanho diminuto das janelas construídas na
época.
O número exorbitante de tributos, principalmente os indiretos,
colaboram de maneira substancial para o empobrecimento progressivo e acelerado
da nossa população, agravando os problemas sociais, martirizando aqueles que,
embora trabalhando de sol a sol, não conseguem prover seu sustento.
É
de se lamentar que a mesma criatividade demonstrada por muitos dos nossos
governantes para a criação de novos tributos não seja novo tributos não seja
plenamente utilizada para encontrar soluções para os problemas emergenciais que
angustiam a população.