a) Leia atentamente os textos do painel
a seguir e verifique as relações possíveis e
seus componentes.
b) Extraia dele o tema e
redija um texto em prosa (dissertativo ou narrativo).
c) Crie um título coerente
com seu texto.
d) Passe a limpo, à tinta, sua redação,
no espaço a ela reservado. (O rascunho da
redação não será considerado.)
Seu trabalho será avaliado de acordo
com os seguintes critérios:
·
interrelação
estabelecida entre os componentes apresentados;
·
originalidade
e espírito crítico;
·
adequação
título/texto;
·
padrão
culto da língua;
·
estrutura
textual compatível com o tipo de texto escolhido.
TEXTO I
Desde que estou
retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida severina
(aquela vida que é menos
vivida que defendida,
e é ainda mais severina
para o homem que retira).
(João Cabral de Meio Neto)
TEXTO II
A
superfície do Brasil, incluindo lagos, rios e montanhas, é de 850 milhões de hecta-
res. Mais ou menos metade dessa superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente considerada apropriada ao uso e ao desenvolvimento agrícolas. Ora, atualmente, apenas 60 milhões desses hectares estão a ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante, salvo as áreas que têm vindo a ser ocupadas por explorações de pecuária extensiva (que, ao contrário do que um primeiro e apressado exame possa levar a pensar, significam, na realidade, um aproveitamento insuficiente da terra), encontra-se em estado de improdutividade, de abandono, sem fruto.
res. Mais ou menos metade dessa superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente considerada apropriada ao uso e ao desenvolvimento agrícolas. Ora, atualmente, apenas 60 milhões desses hectares estão a ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante, salvo as áreas que têm vindo a ser ocupadas por explorações de pecuária extensiva (que, ao contrário do que um primeiro e apressado exame possa levar a pensar, significam, na realidade, um aproveitamento insuficiente da terra), encontra-se em estado de improdutividade, de abandono, sem fruto.
(José Saramago)Fim de feira, periferia afora
Zanza daqui
Francisco, Serafim
Vamos embora
Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Sei, Bia, Quim
Vamos embora
(Chico Buarque)
Comentário
1:
Observando
com cuidado as instruções, o vestibulando teve de inter-relacionar textos e
fotos em uma combinação dirigida pelos temas: terra/retirada/sertão/miséria, entre outros.
fotos em uma combinação dirigida pelos temas: terra/retirada/sertão/miséria, entre outros.
Portinari,
em Os Retirantes, realiza a intertextualidade com João Cabral de Meio
Neto,
revelando a constante da miséria nordestina: a morte. Já o texto de Saramago, de forma
crítica, refere-se à improdutividade e ao uso inadequado da terra que teria, se houvesse
interesse político e/ou cultural, capacidade para desenvolver a região. A mão-de-obra de
onde viria?
revelando a constante da miséria nordestina: a morte. Já o texto de Saramago, de forma
crítica, refere-se à improdutividade e ao uso inadequado da terra que teria, se houvesse
interesse político e/ou cultural, capacidade para desenvolver a região. A mão-de-obra de
onde viria?
Sebastião
Salgado responde à questão com uma foto do Movimento dos Sem-Terra. Chico Buarque,
por seu lado, responde-a com a volta do povo à sua região, mas, para isso, é necessário
ter um guia, uma direção "Zanza daqui / Zanza pra acolá". O sertanejo
sente-se fora de seu "lugar", precisa retornar e "Ver o capim /
Ver o baobá (. .. )", e propõe "Vamos embora". Voltar significa
fazer renascer e o Sertão merece essa revisão.
O
vestibulando pôde optar entre narração e dissertação, o que deixou o tema mais aber-to
e mais propenso à liberdade de criação. Bom tema para quem está acostumado a leitu-ras
intertextualizadas.
Comentário
2:
O
quadro Os Retirantes, de Cândido Portinari, aparece ao lado do trecho de
Morte e Vida Severina, de João Cabral de Meio Neto. Ambos
retratam a problemática da seca, que gera a migração de populações famintas, as
quais por diversas vezes deparam com a morte.
O
texto de Chico Buarque mostra um convite aos "severinos" Francisco, Serafim,
Binho,
Bel, Bia e Quim: "Vamos embora". Há na música uma certa euforia e esperança detransformação, presentes também na foto registrada por Sebastião Salgado. O texto central, de Saramago, fornece uma explicação para o sofrimento mostrado na primeira parte e para a euforia da segunda parte do painel, relatando que apenas uma pequena parte das terras apropriadas para o cultivo é de fato aproveitada, sendo o restante marcado por terras improdutivas e abandonadas, o que contribui mais ainda para o aumento das desigualdades sociais.
Bel, Bia e Quim: "Vamos embora". Há na música uma certa euforia e esperança detransformação, presentes também na foto registrada por Sebastião Salgado. O texto central, de Saramago, fornece uma explicação para o sofrimento mostrado na primeira parte e para a euforia da segunda parte do painel, relatando que apenas uma pequena parte das terras apropriadas para o cultivo é de fato aproveitada, sendo o restante marcado por terras improdutivas e abandonadas, o que contribui mais ainda para o aumento das desigualdades sociais.
O
candidato teria duas possibilidades. A primeira seria a elaboração de um texto
narra-
tivo, tendo como tema central a realidade vivenciada pelos retirantes. Estes poderiam ser
caracterizados psicologicamente, enfatizando as consequências da seca em suas vidas.
Outra opção seria produzir
um texto dissertativo, em que o aluno deveria discutir a tivo, tendo como tema central a realidade vivenciada pelos retirantes. Estes poderiam ser
caracterizados psicologicamente, enfatizando as consequências da seca em suas vidas.
problemátiça da seca, os interesses políticos que a envolvem, a questão das terras
impro-
dutivas, a necessidade de um melhor aproveitamento das terras, podendo até mesmo citar
a luta do Movimento Sem-Terra.
dutivas, a necessidade de um melhor aproveitamento das terras, podendo até mesmo citar
a luta do Movimento Sem-Terra.
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