sexta-feira, 14 de julho de 2017

AGORA É VOCÊ QUEM ESCREVE



3.1. Proposta de redação
                      
                           
Álcool em festas de jovens: liberar ou proibir?


A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construí dos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema "O consumo de álcool pelos jovens: diversão inofensiva ou autodestruição?", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.



TEXTO I - Universitário morre após coma alcoólico em festa para estudantes
O universitário Humberto Moura Fonseca, 23 anos, morreu no último sábado depois de entrar em coma alcoólico. O estudante, que cursava o 4.° ano de Engenharia Elétrica na Universidade Estadual Júlio de Mesquita (Unesp), participara de uma festa no estilo open bar, promovida por repúblicas de estudantes. No evento, diversas bebidas eram servidas à vontade, entre elas, cachaça, vodca e energéticos. De acordo com testemunhas, o estudante que morreu teria bebido, no mínimo, vinte doses de vodca em menos de uma hora. A faculdade lamentou o ocorrido e destacou que o evento ocorreu fora de suas dependências. Ressaltou, ainda, que no campus a bebida alcoólica é proibida. Outros seis alunos da mesma universidade foram internados em estado grave. Segundo a Polícia Militar, na festa ocorria uma competição para premiar os maiores bebedores.

TEXTO II- Convite para festa universitária


 TEXTO III - Entrevista sobre alcoolismo juvenil

Jornal: Os jovens brasileiros estão bebendo mais?

Dr. Ramalhete: Sim e cada vez mais cedo. Veja: 25  dos adolescentes já bebem em quantidades perigosas do ponto de vista biológico, sem diferença entre entre homens
e mulheres. No caso das mulheres isso preocupa ainda mais porque o seu organismo tem uma forma diferente de absorver o álcool, mais rápida; por isso, o dano  biológico ao longo  do tempo é maior.

Jornal: Em sua opinião, por que o consumo está aumentando?

Dr. Ramalhete: São varres fatores, como a própria necessidade do jovem de ser incluído no grupo. Também está a força das propagandas que atingem o público jovem. O que cha-ma a atenção e que os pais permitam isso. Nos Estados Unidos, a idade mínima para com-prar bebida  alcoólica é 21 anos. Aqui, se a festa não tiver bebida, não tem graça. Alguns já chegam alcoolizados porque primeiro fazem um "esquentamento".

Jornal: Falta controle da venda de bebidas no país?

Dr. Ramalhete: Sim, uma das formas de reduzir o consumo seria aumentar os preços. Um litro de cachaça não pode custar menos do que um refrigerante. Além disso, os pais dão mau exemplo porque eles mesmos contam com orgulho que conseguem beber um litro de uísque num final de semana, e coisas do gênero.

3.2. Interpretação dos textos de apoio

     Os textos de apoio são importantes para inspirar a sua abordagem – lembre-se, porém, de que você nunca deve copiá-los. Além disso, eles ajudam a colocar um determinado foco num assunto que pode ser muito amplo.
Vamos começar verificando se você compreendeu o enfoque proposto a partir dos textos de apoio.

EXERCÍCIOS

1-A partir da leitura dos três textos de apoio, pode-se afirmar que o enfoque
da redação deve ser, principalmente:
> Mostrar que, como há diferença no impacto do álcool sobre o organismo do homem e da mulheres, as estudantes universitárias deveriam reduzir o consumo.
> Discutir os efeitos do marketing, mostrando a influência dos anúncios comerciais de bebidas e dos interesses dos fabricantes sobre a saúde dos jovens.

> Defender uma mudança na idade mínima para consumo de álcool.

> Relacionar a necessidade de aceitação social do jovem com o consumo excessivo de
álcool, propondo soluções concretas para isso.

3.3. Entendendo  a  proposta  de  redação

A proposta da redação é clara: "O consumo de álcool pelos jovens: diversão inofen-siva ou autodestruição? ". Ou seja, o candidato precisa escrever um texto dissertativo-argumentativo tomando uma posição e, além disso, apresentar uma proposta de intervenção.
Note que, mesmo se o candidato resolvesse defender que o consumo de álcool é normal, em doses moderadas, e pode ser administrado pelo jovem, ele precisaria apresentar uma proposta coerente com essa ideia - por exemplo, um programa de conscientização do jo-vem para ele ter mais autodomínio, ou a inserção de atividades escolares sobre a relação entre o consumo de álcool e o organismo.
O texto I serve como "gancho" para que o estudante possa relacionar a redação com um fato concreto. Ele pode citar esse ou outros exemplos similares.
O texto II é um folheto de divulgação de uma festa universitária típica, encontrada por to-das as regiões do país. Note que o álcool serve, na propaganda, como o principal atrativo para os possíveis frequentadores do evento.
No cartaz, a referência a músicas e danças é discreta perto do destaque colocado sobre a bebida sem limites. O anúncio de uma competição ligada a beber mais em menos tempo remete justamente ao que ocorreu na festa em que houve a morte de um estudante. Além disso, no título, nota-se uma mensagem de desprezo por quem não bebe, como se aque-les que não fizessem isso fossem excluídos.
O texto III traz os alertas de um especialista da área de saúde, numa entrevista que aborda os impactos do álcool no organismo e levanta possíveis causas para tantos excessos. Ele mesmo dá algumas pistas para possíveis soluções para o problema.
Claro que o candidato precisa ir além do que é dito nesse texto, caso contrário a redação ficará pouco criativa.

EXERCÍCIO  19
Agora é com você: escreva sobre o tema proposto e comentado: "O consumo de ál-cool pelos jovens: diversão inofensiva ou autodestruição ?". Depois, compare seu texto com o que colocamos Nos comentários.

3.4.Análise  da  redação

No Caderno de Respostas, você viu um texto possível para atender ao tema em questão. Agora vamos destacar os principais pontos positivos desse texto, para você fixar e repetir nas suas produções.

O perigo de ver a bebida como passaporte para aceitação social:  o título já serve co-mo anúncio da tese que será defendida. Ele deve ser sempre diferente do texto usado na proposta da redação.

Na Introdução, o autor usa um gancho para começar o texto: a referência ao episódio da morte do estudante após o coma alcoólico. Assim, ele liga o texto a realidade concreta e dá força a seus argumentos.
Se consumido em doses moderadas, o álcool já representa um risco para pessoas de qualquer idade, o perigo se torna ainda maior quando ele passa a ser visto como passa-porte para a aceitação social no ambiente universitário , com regras que valorizam quem bebe mais e excluem os que não são "da turma". A morte de um estudante por ingestão de vinl doses de vodca, numa "brincadeira" que mede a capacidade de beber mais em menos tempo, é um exemplo disso.

O autor lança uma tese: o jovem entende a bebida como um meio para ser aceito pelo seu grupo. Torna e, assim, vítima fácil para a publicidade, os fabricantes e os organizadores de festas.
A necessidade de ser aceito, tão própria dessa idade, acaba se convertendo numa opor-tunidade comercial para muitos. Os folhetos e mails de propaganda das festas para uni-versitários fazem verdadeira apologia ao álcool, a começar pelo nomes dos eventos: "Odontobeer", "Medbeer', "Psicólatras", "Direito Beer", "Habeas Copus"  e assim por dian-te.

Neste parágrafo, o autor reforça com diversos exemplos a tese mencionada antes.
É anúncio destacado a oferta de "open bar", com design que faz referência a garrafas e copos, muitas vezes com logomarcas de fabricantes. Rodadas de tequila, camarotes com uísque e "beer games" são anunciados como valor agregado. Nas imagens, jovens sau-dáveis e bonitos se divertem. Sugere-se que a inclusão no grupo passa pela adesão às atitudes divulgadas nessas propagandas.

O autor apresenta suas propostas de intervenção social em dois parágrafos. Note o uso adequado dos conectivos (destacados em azul)  fazendo a ligação endre ideias e dando coesão ao texto.
Casos como o do universitário Humberto Fonseca, que morreu numa festa de universitá-rios em Bauru, não são isolados. A solução para atitudes como essas, que colocam em risco a saúde e a própria vida, não passam pela proibição às festas, mas pela educação.
Em primeiro lugar, papel da família, formando desde cedo para uma postura de autocon-fiança, que não dependa do ato de transgredir, ou de atitudes autodestrutivas, para sentir-se aceito pelos outros.

Note que, no final o autor ainda reforça sua proposta de intervenção fazendo referên-cia ao que acontece em outro país. Assim, mostra conhecimento dos fatos da atua-lidade e capacidade de usá-los  na argumentação.
Além disso, cabe às universidades colocar o tema na pauta. Mesmo que as festas acon-teçam fora do espaço acadêmico, não há como ser indiferente e ignorar o que atinge seus alunos. Por fim, falta uma ação mais efetiva do governo, com campanhas mais contun-dentes voltadas à prevenção. O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anunciou como prioridade um programa forte contra o consumo de álcool. Boa oportunidade para conhecer a estratégias e, porque não pegar carona nessa iniciativa.

EXERCÍCIO 20

Na redação do exemplo apresentado no exercício anterior, a proposta de intervenção social é apresentada em dois parágrafos. Você conseguiria dizer o mesmo unindo tudo num parágrafo só e cortando os excessos? Faça isso e, na sequência, veja uma solução possível nos  Comentários.

COMENTÁRIOS

18.D

19. Veja um texto possível:

O perigo de ver a bebida como passaporte para a aceitação social

       Se consumido em doses moderadas o álcool já representa um risco para pessoas
de qualquer idade, o perigo se toma ainda maior quando ele passa a ser visto como passaporte para a aceitação social no ambiente universitário, com regras que valorizam quem bebe mais e excluem os que não são "da turma: A morte de um estudante por ingestão de vinte doses de vodca, numa "brincadeira" que mede a capacidade de beber mais em menos tempo, é um exemplo disso.
     A necessidade de ser aceito, tão própria dessa idade, acaba se convertendo numa oportunidade comercial para muitos. Os folhetos e mails de propaganda das festas para universitários fazem verdadeira apologia ao álcool, a começar pelos nomes dos eventos: "Odontobeer", "Medbeer", "Psicólatras", "Direito Beer", "Habeas Copus" e assim por diante.
     É anúncio destacado a oferta de "open bar': com design que faz referência a garrafas e copos, muitas vezes com logomarcas de fabricantes. Rodadas de tequila, camarotes com uísque e "beer games" são anunciados como valor agregado. Nas imagens, jovens saudáveis e bonitos se divertem. Sugere-se que a inclusão no grupo passa pela adesão às atitudes divulgadas nessas propagandas.
     Casos como o do universitário Humberto Fonseca, que morreu numa festa de univer-sitários em Bauru, não são isolados. A solução para atitudes como essas, que colocam em risco a saúde e a própria vida, não passam pela proibição às festas, mas pela educação. Em primeiro lugar, papel da família, formando desde cedo para uma postura de autocon-fiança, que não dependa do ato de transgredir, ou de atitudes autodestrutivas, para sentir-se aceito pelos outros.
     Além disso, cabe às universidades colocar o tema na pauta. Mesmo que as festas a-conteçam fora do espaço acadêmico, não há como ser indiferente e ignorar o que atinge seus alunos. Por fim, falta uma ação mais efetiva do governo, com campanhas mais contundentes voltadas à prevenção. O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anunciou como prioridade um programa forte contra o consumo de álcool. Boa oportunidade para conhecer as estratégias e, por que não, pegar carona nessa iniciativa.

20. Uma versão possível:


     A solução para atitudes como essas, que colocam em risco a própria vida, passam pela educação. Em primeiro lugar, papel da família, formando desde cedo para uma postura de autoconfiança para não relacionar a bebida à aceitação social. Além disso, cabe às uni-versidades colocar o tema na pauta e cuidar melhor de seus alunos. Por fim, faltam cam-panhas mais contundentes voltadas à prevenção. No Uruguai, por exemplo, essa é uma prioridade. Por que não fazer, também no Brasil, um programa nessa linha?

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