Álcool em festas de jovens:
liberar ou proibir?
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construí dos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema "O consumo de álcool pelos jovens: diversão inofensiva ou autodestruição?", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO
I - Universitário morre após coma alcoólico em festa para estudantes
O universitário Humberto Moura
Fonseca, 23 anos, morreu no último sábado depois de entrar em coma alcoólico. O
estudante, que cursava o 4.° ano de Engenharia Elétrica na Universidade
Estadual Júlio de Mesquita (Unesp), participara de uma festa no estilo open
bar, promovida por repúblicas de estudantes. No evento, diversas bebidas eram servidas
à vontade, entre elas, cachaça, vodca e energéticos. De acordo com testemunhas,
o estudante que morreu teria bebido, no mínimo, vinte doses de vodca em menos
de uma hora. A faculdade lamentou o ocorrido e destacou que o evento ocorreu
fora de suas dependências. Ressaltou, ainda, que no campus a bebida alcoólica é
proibida. Outros seis alunos da mesma universidade foram internados em estado
grave. Segundo a Polícia Militar, na festa ocorria uma competição para premiar
os maiores bebedores.
TEXTO
II- Convite para festa universitária
Jornal: Os
jovens brasileiros estão bebendo mais?
Dr.
Ramalhete: Sim e cada vez mais cedo. Veja: 25 dos adolescentes já bebem em quantidades
perigosas do ponto de vista biológico, sem diferença entre entre homens
e mulheres. No caso das mulheres isso preocupa ainda mais
porque o seu organismo tem uma forma diferente de absorver o álcool, mais
rápida; por isso, o dano biológico ao
longo do tempo é maior.
Jornal:
Em sua opinião, por que o consumo está aumentando?
Dr.
Ramalhete: São varres fatores, como a própria necessidade
do jovem de ser incluído no grupo. Também está a força das propagandas que atingem
o público jovem. O que cha-ma a atenção e que os pais permitam isso. Nos
Estados Unidos, a idade mínima para com-prar bebida alcoólica é 21 anos. Aqui, se a festa não
tiver bebida, não tem graça. Alguns já chegam alcoolizados porque primeiro
fazem um "esquentamento".
Jornal:
Falta controle da venda de bebidas no país?
Dr.
Ramalhete: Sim, uma das formas de reduzir o consumo seria
aumentar os preços. Um litro de cachaça não pode custar menos do que um
refrigerante. Além disso, os pais dão mau exemplo porque eles mesmos contam com
orgulho que conseguem beber um litro de uísque num final de semana, e coisas do
gênero.
3.2.
Interpretação dos textos de apoio
Os textos de
apoio são importantes para inspirar a sua abordagem – lembre-se, porém, de que
você nunca deve copiá-los. Além disso, eles ajudam a colocar um determinado
foco num assunto que pode ser muito amplo.
Vamos começar verificando se você compreendeu o enfoque
proposto a partir dos textos de apoio.
EXERCÍCIOS
1-A
partir da leitura dos três textos de apoio, pode-se afirmar que o enfoque
da
redação deve ser, principalmente:
> Mostrar que, como há diferença no impacto do álcool
sobre o organismo do homem e da mulheres, as estudantes universitárias deveriam
reduzir o consumo.
> Discutir
os efeitos do marketing, mostrando a influência dos anúncios comerciais de
bebidas e dos interesses dos fabricantes sobre a saúde dos jovens.
> Defender
uma mudança na idade mínima para consumo de álcool.
> Relacionar
a necessidade de aceitação social do jovem com o consumo excessivo de
álcool,
propondo soluções concretas para isso.
3.3.
Entendendo a proposta
de redação
A proposta da redação é clara: "O consumo de álcool pelos jovens: diversão inofen-siva ou
autodestruição? ". Ou seja, o candidato precisa escrever um texto
dissertativo-argumentativo tomando uma posição e, além disso, apresentar uma
proposta de intervenção.
Note que, mesmo se o candidato resolvesse defender que o
consumo de álcool é normal, em doses moderadas, e pode ser administrado pelo
jovem, ele precisaria apresentar uma proposta coerente com essa ideia - por
exemplo, um programa de conscientização do jo-vem para ele ter mais
autodomínio, ou a inserção de atividades escolares sobre a relação entre o
consumo de álcool e o organismo.
O texto I serve como "gancho" para que o
estudante possa relacionar a redação com um fato concreto. Ele pode citar esse
ou outros exemplos similares.
O texto II é um folheto de divulgação de uma festa
universitária típica, encontrada por to-das as regiões do país. Note que o
álcool serve, na propaganda, como o principal atrativo para os possíveis
frequentadores do evento.
No cartaz, a referência a músicas e danças é discreta
perto do destaque colocado sobre a bebida sem limites. O anúncio de uma
competição ligada a beber mais em menos tempo remete justamente ao que ocorreu
na festa em que houve a morte de um estudante. Além disso, no título, nota-se
uma mensagem de desprezo por quem não bebe, como se aque-les que não fizessem
isso fossem excluídos.
O texto III traz os alertas de um especialista da área de
saúde, numa entrevista que aborda os impactos do álcool no organismo e levanta
possíveis causas para tantos excessos. Ele mesmo dá algumas pistas para
possíveis soluções para o problema.
Claro que o candidato precisa ir além do que é dito nesse
texto, caso contrário a redação ficará pouco criativa.
EXERCÍCIO 19
Agora
é com você: escreva sobre o tema proposto e comentado: "O consumo de ál-cool
pelos jovens: diversão inofensiva ou autodestruição ?". Depois, compare seu
texto com o que colocamos Nos comentários.
3.4.Análise da
redação
No Caderno de Respostas, você viu um texto possível para
atender ao tema em questão. Agora vamos destacar os principais pontos positivos
desse texto, para você fixar e repetir nas suas produções.
O
perigo de ver a bebida como passaporte para aceitação social: o título já serve co-mo
anúncio da tese que será defendida. Ele deve ser sempre diferente do texto
usado na proposta da redação.
Na
Introdução, o autor usa um gancho para começar o texto: a referência ao
episódio da morte do estudante após o coma alcoólico. Assim, ele liga o texto a
realidade concreta e dá força a seus argumentos.
Se
consumido em doses moderadas, o álcool já representa um risco para pessoas de
qualquer idade, o perigo se torna ainda maior quando ele passa a ser visto como
passa-porte para a aceitação social no ambiente universitário , com regras que
valorizam quem bebe mais e excluem os que não são "da turma". A morte
de um estudante por ingestão de vinl doses de vodca, numa
"brincadeira" que mede a capacidade de beber mais em menos tempo, é
um exemplo disso.
O autor lança uma tese:
o jovem entende a bebida como um meio para ser aceito pelo seu grupo. Torna e,
assim, vítima fácil para a publicidade, os fabricantes e os organizadores de
festas.
A
necessidade de ser aceito, tão própria dessa idade, acaba se convertendo numa
opor-tunidade comercial para muitos. Os folhetos e mails de propaganda das
festas para uni-versitários fazem verdadeira apologia ao álcool, a começar pelo
nomes dos eventos: "Odontobeer", "Medbeer',
"Psicólatras", "Direito Beer", "Habeas Copus" e assim por dian-te.
Neste parágrafo, o autor reforça com diversos
exemplos a tese mencionada antes.
É
anúncio destacado a oferta de "open bar", com design que faz
referência a garrafas e copos, muitas vezes com logomarcas de fabricantes.
Rodadas de tequila, camarotes com uísque e "beer games" são
anunciados como valor agregado. Nas imagens, jovens sau-dáveis e bonitos se
divertem. Sugere-se que a inclusão no grupo passa pela adesão às atitudes
divulgadas nessas propagandas.
O autor apresenta suas propostas de intervenção
social em dois parágrafos. Note o uso adequado dos conectivos (destacados em azul) fazendo a ligação endre ideias e dando coesão
ao texto.
Casos como o do
universitário Humberto Fonseca, que morreu numa festa de universitá-rios em
Bauru, não são isolados. A solução para atitudes como essas, que colocam em
risco a saúde e a própria vida, não passam pela proibição às festas, mas pela
educação.
Em primeiro lugar,
papel da família, formando desde cedo para uma postura de autocon-fiança, que
não dependa do ato de transgredir, ou de atitudes autodestrutivas, para
sentir-se aceito pelos outros.
Note
que, no final o autor ainda reforça sua proposta de intervenção fazendo
referên-cia ao que acontece em outro país. Assim, mostra conhecimento dos fatos
da atua-lidade e capacidade de usá-los na
argumentação.
Além
disso, cabe às universidades colocar o tema na pauta. Mesmo que as festas acon-teçam
fora do espaço acadêmico, não há como ser indiferente e ignorar o que atinge
seus alunos. Por fim, falta uma ação mais efetiva do governo, com campanhas
mais contun-dentes voltadas à prevenção. O presidente do Uruguai, Tabaré
Vázquez, anunciou como prioridade um programa forte contra o consumo de álcool.
Boa oportunidade para conhecer a estratégias e, porque não pegar carona nessa
iniciativa.
EXERCÍCIO 20
Na redação do exemplo
apresentado no exercício anterior, a proposta de intervenção social é
apresentada em dois parágrafos. Você conseguiria dizer o mesmo unindo tudo num
parágrafo só e cortando os excessos? Faça isso e, na sequência, veja uma
solução possível nos Comentários.
COMENTÁRIOS
18.D
19. Veja um texto possível:
O perigo de ver a
bebida como passaporte para a aceitação social
Se consumido em doses moderadas o álcool
já representa um risco para pessoas
de
qualquer idade, o perigo se toma ainda maior quando ele passa a ser visto como
passaporte para a aceitação social no ambiente universitário, com regras que
valorizam quem bebe mais e excluem os que não são "da turma: A morte de um
estudante por ingestão de vinte doses de vodca, numa "brincadeira"
que mede a capacidade de beber mais em menos tempo, é um exemplo disso.
A necessidade de ser aceito, tão própria
dessa idade, acaba se convertendo numa oportunidade comercial para muitos. Os
folhetos e mails de propaganda das festas para universitários fazem verdadeira
apologia ao álcool, a começar pelos nomes dos eventos: "Odontobeer",
"Medbeer", "Psicólatras", "Direito Beer",
"Habeas Copus" e assim por diante.
É anúncio destacado a oferta de "open
bar': com design que faz referência a garrafas e copos, muitas vezes com
logomarcas de fabricantes. Rodadas de tequila, camarotes com uísque e
"beer games" são anunciados como valor agregado. Nas imagens, jovens
saudáveis e bonitos se divertem. Sugere-se que a inclusão no grupo passa pela
adesão às atitudes divulgadas nessas propagandas.
Casos como o do universitário Humberto
Fonseca, que morreu numa festa de univer-sitários em Bauru, não são isolados. A
solução para atitudes como essas, que colocam em risco a saúde e a própria
vida, não passam pela proibição às festas, mas pela educação. Em primeiro
lugar, papel da família, formando desde cedo para uma postura de autocon-fiança,
que não dependa do ato de transgredir, ou de atitudes autodestrutivas, para
sentir-se aceito pelos outros.
Além disso, cabe às universidades colocar
o tema na pauta. Mesmo que as festas a-conteçam fora do espaço acadêmico, não
há como ser indiferente e ignorar o que atinge seus alunos. Por fim, falta uma
ação mais efetiva do governo, com campanhas mais contundentes voltadas à
prevenção. O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anunciou como prioridade um
programa forte contra o consumo de álcool. Boa oportunidade para conhecer as
estratégias e, por que não, pegar carona nessa iniciativa.
20. Uma versão possível:
A solução para atitudes como essas, que
colocam em risco a própria vida, passam pela educação. Em primeiro lugar, papel
da família, formando desde cedo para uma postura de autoconfiança para não
relacionar a bebida à aceitação social. Além disso, cabe às uni-versidades
colocar o tema na pauta e cuidar melhor de seus alunos. Por fim, faltam cam-panhas
mais contundentes voltadas à prevenção. No Uruguai, por exemplo, essa é uma prioridade.
Por que não fazer, também no Brasil, um programa nessa linha?
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