segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A NARRAÇÃO

Tipos de narrador
    
     Conforme definimos no capítulo anterior, narrar é contar um ou mais fatos que ocorre-
ram com determinados personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, écontar uma história, que pode ser real ou imaginária.
    Quando você vai redigir uma história, a primeira decisão que deve tomar é se você
Vai ou não fazer parte da narrativa. Tanto é possível contar uma história que ocorreu
com outras pessoas quanto narrar fatos acontecidos com você. Essa decisão determina-
rá o tipo de narrador a ser utilizado em sua composição. Este pode ser, basicamente,
de  dois tipos:

1)Narrador em 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na
narrativa. Trata-se do narrador-personagem.

Exemplo:
 Estava andando pela rua quando de repente tropecei em um pacote embrulhado  em jornais. Peguei-o vagarosamente, abri-o e vi, surpreso, que lá havia uma  grande quantia em dinheiro.

2)Narrador em 3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador.

Exemplo:
Jo estava andando pela rua quando de repente tropeçou em um pacote
embrulhado em jornais. Pegou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.

Em textos que apresentam o narrador em 1ª pessoa, ele não precisa ser necessaria- mente o personagem principal; pode ser somente alguém que, estando no local dos acon-
Tecimentos, presenciou-os.

Exemplo:

Estava parado no ponto de ônibus, quando vi, a meu lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou em um pacote embrulhado embrulhado em jornais Observei que ele o pegou com todo o cuidado, abriu-o e viu_ que lá havia uma grande quantia em dinheiro.             

Elementos da narração
     Depois de escolher o tipo de narrador que você vai utilizar, é necessário ainda conhe-
cer os elementos básicos de qualquer narração.
    Todo texto narrativo conta um FATO que se passa em determinado TEMPO e LUGAR. A narração só existe na medida em que há ação; esta ação é praticada pelos PERSONAGENS.
      Um fato, em geral, acontece por uma determinada CAUSA e desenrola-se envolvendo
certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário, portanto, mencionar o MODO  como tudo aconteceu detalhadamente, isto é, de que maneira o fato ocorreu. Um aconteci-
mento pode provocar CONSEQUÊNCIAS, as quais devem ser observadas.
      Assim, os elementos básicos do texto narrativo são:
1)    FATO (o que se vai narrar);
2)    TEMPO (quando o fato ocorreu);
3)     LUGAR (onde o fato se deu);
4)    PERSONAGENS (quem participou do ocorrido ou o observou);
5)    CAUSA (motivo que determinou a ocorrência);
6)    MODO (como se deu o fato);
7)    CONSEQUÊNCIAS.

       Uma vez conhecidos esses elementos, resta saber como organizá-los para elaborar
Uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúmeras formas de dispô-los. Todavia, apresentaremos um esquema de narração que pode ser utilizado para contar qualquer fato. Ele propõe-se a situar os elementos da narração em diferentes parágrafo, de modo a orientá-lo sobre como organizar adequadamente sua composição.

                                       Esquema de narração
                                             
                                                  Título
       1º
parágrafo
Explicar que fato será narrado.
Determinar o tempo e o lugar.
Introdução
       2º
 parágrafo
Causa do fato e apresentação dos personagens.
Desenvolvimento
      3º
parágrafo
Modo como tudo aconteceu (detalhadamente)
Desenvolvimento
      4º
parágrafo
Consequências do fato.
Conclusão

OBSERVAÇÕES:
1.    É bom lembrar que, embora o elemento Personagens tenha sido citado somente no 2º parágrafo (onde são apresentados com mais detalhes), eles aparecem no decorrer de toda a narração, uma vez que são os desencadeadores da sequência narrativa.

2.    O  elemento Causa pode ou não existir em sua narração. Há fatos que decorrem de causa  específica (por exemplo, um atropelamento pode ter como causa o descuido de um pedestre ao atravessar a rua sem olhar). Existe, em contrapartida, um número ilimitado de fatos dos quais não precisamos explicar as causas, por serem evidentes (por exemplo. uma viagem de férias, um assalto a banco, etc.).

3.    Os três elementos mencionados na Introdução, ou seja, fato, tempo e lugar, não pre-
 necessariamente aparecer nesta ordem. Podemos especificar, no início, o tempo e o local, para depois enunciar o fato que será narrado.

       Utilizando esse recurso, você pode narrar qualquer fato, desde os incidentes que são
Noticiados nos jornais com o título de ocorrências policiais (assaltos, atropelamentos, se-
questros,  incêndios, colisões e outros) até fatos corriqueiros, como viagens de férias,pas-
seatas grevistas, festas de torcidas de futebol, comemorações de aniversário, brigas, tom-
bos e acontecimentos inesperados ou incomuns, bem como quaisquer outros.
       É  importante ressaltar que o esquema apresentado é apenas uma sugestão de como
se pode organizar uma narração. Você tem inteira liberdade para basear-se nele ou não.
Mostramos apenas uma das várias possibilidades existentes de se estruturarem textos. Caso deseje, poderá inverter a ordem de todos os elementos e fazer qualquer outra modi--ficação que ache conveniente, sem prejuízo de entendimento do que você quer transmitir.
 O fundamental é conseguir contar uma história de modo satisfatório.

A narração objetiva

     Observe  agora um exemplo de narração sobre um incêndio, criado com o auxílio do esquema estudado. Lembre-se de que, antes de começar a escrever, é preciso escolher o tipo de narrador. Optamos pelo narrador em 3ª pessoa.

                                                       O incêndio
     Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem, em um apartamento de propriedade do sr. Marcos da Fonseca.
     No local habitavam o proprietário, sua esposa e seus dois filhos. Todos eles, na hora em que o fogo começou, tinham saído de casa e estavam jantando em um restaurante situado em frente ao edifício. A causa do incêndio foi um curto-circuito ocorrido no precário sistema elétrico do velho apartamento.
     O fogo despontou em um dos quartos que, por sorte, ficava na frente do prédio. O porteiro do restaurante, conhecido da família, avistou-o e imediatamente foi chamar o sr. Marcos. Ele, mais que depressa, ligou para o Corpo de Bombeiros.
     Embora não tivessem demorado a chegar, os bombeiros não conseguiram impedir que o quarto e a sala ao lado fossem inteiramente destruídos pelas chamas. Não obstante o prejuízo, a família consolou-se com o fato de aquele incidente não ter tomado maiores proporções, atingindo os apartamentos vizinhos.
      
     Vamos observar as características dessa narração. O narrador está em 3ª pessoa, pois não toma parte na história; não é nem membro da família, nem o porteiro do restaurante, nem um dos bombeiros e muito menos alguém que passava pela rua na qual se situava o prédio. Outra característica que deve ser destacada é o fato de a história ter sido narrada com objetividade: o narrador limitou-se a contar os fatos sem deixar que seus sentimentos, suas emoções transparecessem no decorrer da narrativa.
      Este tipo de composição denomina-se narração objetiva. É o que costuma aparecer nas "ocorrências policiais" dos jornais, nas quais os redatores apenas informam os fatos sem se deixar envolver emocionalmente com o que estão noticiando. Este tipo de narração apresenta um cunho impessoal e direto.

EXERCÍCIO

       Agora vamos treinar. Pegue o seu caderno e imagine que você é redator em um jor- nal e precisa redigir uma narração, informando sobre um assalto ocorrido. Consulte, se julgar necessário, o esquema estudado na página 20 para sua melhor orientação. Faça uma narração objetiva, com narrador em 3ª pessoa.

A narração subjetiva

      Existe também um outro tipo de composição chamado narração subjetiva. Nela os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. Nota-se claramente a posição sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. O fato não é narrado de modo frio e impessoal; ao contrário, são res- saltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens. É. portanto. o oposto da narração objetiva.
      Daremos agora um exemplo de narração subjetiva, elaborada também com o auxílio do esquema da página 20. Escolhemos o narrador em 1ª pessoa. Esta escolha é perfei- tamente justificável, visto que, participando da ação, ele envolve-se emocionalmente com maior facilidade na história. Isso não significa, porém, que uma narração subjetiva re- queira sempre um narrador em 1ª pessoa e vice-versa.

                                     Com a fúria de um vendaval                                                            
     Em uma certa manhã acordei entediada. Estava em minhas férias escolares do mês de julho. Não pudera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira livre.
     Não tinha nada para fazer, e isso estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse que uma feira livre não constitui exatamente o melhor divertimento do qual um ser humano pode dispor, fui andando, a passos lentos, em direção àquelas barracas. Não esperava ver nada de original. Ou  mesmo interessante.  Como é triste o tédio! Logo que me aproximei, vi uma senhora alta,  extremamente gorda, discutindo com um feirante.
     O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei por que brigavam, mas sei o que vi: a mulher, imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia seus enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca (etalvez o próprio homem) devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou até mais.
      De repente, no auge de sua ira, avançou contra o homem já atemorizado  e, tropeçando em alguns tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o divertimento do pequeno público que, assim como eu, assistiu àquela cena incomum.

SUGESTÃO:

   Releia esta narração, transcrevendo em seu caderno palavras ou expressões que revelam emoção, sentimento, de modo a localizar os pontos que fazem dela uma narração
subjetiva.

OBSERVAÇÃO:

     Sua narração pode ter a extensão que lhe convier. Você pode aumentá-la ou diminuí-la,
suprimindo detalhes menos importantes. Lembre-se: quando um determinado parágrafo fi- car muito extenso, você pode dividi-lo em dois. Destacamos, mais uma vez, que o esquema dado é uma orientação geral e não precisa ser necessariamente seguido; pode sofrer variações referentes ao número de parágrafos ou à ordem de disposição dos elementos narrativos.

EXERCÍCIO

    Faça agora um treino. Elabore uma narração subjetiva, com narrador em 1ª pessoa, utilizando os elementos básicos do texto narrativo (todos ou alguns). Conte um fato inteiramente inesperado que aconteceu com você dentro de um ônibus. Não se esqueça de criar um título interessante.

O discurso do narrador

     Comparando os dois modelos de narração apresentados neste capítulo, você poderá perceber a diferença entre narrador em 1ª e 3ª pessoas, a maneira como se elabora uma narração utilizando o esquema estudado, a existência da narração objetiva em oposição à  narração subjetiva e alguns outros aspectos.
       É importante também que você observe um outro fato sobre o qual ainda não fize- mos qualquer comentário. Lendo as narrações O incêndio e Com a fúria de um vendaval, você notará com facilidade que o narrador contou cada uma das histórias com suas próprias palavras. Ele não introduziu diálogos na redação registrando a fala dos personagens. Essas duas narrações foram elaboradas sem que o narrador introduzisse o discurso direto, isto é, o diálogo entre os personagens.
      No próximo capítulo, mostraremos como você pode fazer suas narrações utilizando ou não o discurso direto. Por enquanto, nos exercícios deste capítulo, redija as composições que vamos sugerir sem utilizar diálogos entre os personagens. Em breve você terá elementos para saber como fazê-lo corretamente. Oriente-se, portanto, pelos modelos de redação dados aqui.
      Não se esqueça também de que o esquema de narração estudado na página não precisa ser seguido à risca. Se julgar importante fazer qualquer alteração, nada o impede de fazê-lo , desde que sua composição não perca as características de organização e clareza indispensáveis a todas as narrações.

EXERCÍCIOS

      Apresentaremos agora algumas sugestões. Escolha os temas que lhe parecerem mais
atraentes e faça narrações para aprimorar sua capacidade de redigir esta modalidade de composição.

1.Faça uma narração objetiva, com narrador em 3ª pessoa. contando:
a) um sequestro;
b) uma colisão;
c) um atropelamento;
d) um atentado terrorista.

2) Elabore uma narração subjetiva, com narrador em 3ª pessoa, sobre:
a) uma briga entre torcidas de futebol;
b) uma passeata de protesto;
c) um piquete de operários metalúrgicos;
d) uma festa do aniversário de um clube.

3.Redija uma narração objetiva, com narrador em 1ª pessoa, contando:
a) um viagem ao exterior;
b) uma confusão ocorrida em um supermercado:
c) uma festa de aniversário;
d) um enorme engarrafamento;
e) um fato de importância nacional;
f) uma aula de um curso profissionalizante.

4.Construa uma narração subjetiva, com narrador em 1ª pessoa, sobre:
a) um susto terrível;
b) uma discussão com um motorista de táxi;
c) uma inundação;
d) uma festa de comemoração de uma vitória eleitoral;
e) uma consulta médica:
f)a mudança para um outro bairro.

5.Elabore uma ou mais narrações baseando-se nos títulos propostos (você agora pode escolher o tipo de narrador e optar por uma narração objetiva ou por uma narração subjetiva; note, entretanto, que alguns títulos sugerem uma narração subjetiva, e outros, uma narração objetiva):
a) Um incidente no colégio
b) O dia mais feliz de toda a minha vida
c) A maior lição que aprendi de minha mãe
d) Eu, um negro na África do Sul
e) Quando eu fui professor por um dia
f) O grande sonho da minha vida
g) O incrível caso do desaparecimento de meu vizinho
h) A escola de natação: uma aventura perigosa
i) O fato mais emocionante que presenciei
j) A minha conversa com o Presidente da República
k) ) Uma lição de fraternidade
l) De como os dias de minhas férias foram realmente maravilhosos ou completa-
mente desinteressantes
m) Um acidente em pleno voo
n) Meus colegas de classe: santos ou silvícolas?
n) Sim, saí correndo de medo
o) A tragédia que se abateu sobre o planeta
p) A maior travessura que já vi
q) Uma briga na tinturaria
r) A inesquecível manhã em que fui chamado para a diretoria de minha escola
s) Futebol de rua: nunca mais!
t) O dia em que a cidade parou
u) A primeira visita de um índio à cidade de São Paulo
v) O fato mais engraçado que já presenciei



sábado, 16 de janeiro de 2016

A DIFERENÇA ENTRE DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO

TIPOS  DE  REDAÇÃO  OU  COMPOSIÇÃO

      Tudo o que se escreve  recebe o nome genérico de redação (ou composição). Exis-
Tem três tipos  de  redação: descrição, narração e  dissertação. É importante  que  você
consiga  perceber  a  diferença  entre elas. Leia, primeiramente, as seguintes definições:

DESCRIÇÃO
É  o tipo  de redação na qual se apontam as características que
compõem um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisa-gem.

NARRAÇÃO
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fa-
                                      tos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo
certos personagens.

DISSERTAÇÃO
É o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, segui-
das da apresentação de argumentos que as comprovem.

        Veja agora três exemplos dessas modalidades:

Descrição

       Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.

Narração

       Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar , com dificuldade, o caminho para sua casa.

Dissertação

       Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e relacioná-las à realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreensão dos problemas socioeconômicos e que despertasse no aluno a curiosidade científica  seria por demais desejável.

         Assim sendo. podemos elaborar o seguinte quadro:
                                  

   REDAÇÃO
        ou
  COMPOSIÇÃO
  DESCRIÇÃO
  NARRAÇÃO
  DISSERTAÇÃO


       Como você pode perceber, não há como confundir estes três tipos de redação. En- quanto a descrição aponta os elementos que caracterizam os seres, objetos, ambientes e paisagens, a narração implica uma ideia de ação, movimento empreendido pelos per- sonagens da história. Já a dissertação assume um caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas ou fatos específicos, mas analisa certos assuntos que são abordados de modo impessoal.

        Vamos agora treinar o reconhecimento dessas três modalidades de composição.


EXERCÍCIO

Enumere os parágrafos a seguir, identificando o tipo de redação apresentado:
            1)descrição                  2) narração         3) dissertação  

(    ) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muito conhecidos
 Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes.

(    ) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalcu- lável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranquilidade e aconchego.

(     ) As crianças sabiam que a presença daquele, cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabi- mento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita,  além de seus pais, ainda tinha ele de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam  o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram macios sentados na sala à espera dos acontecimentos.

(.........) Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistava todos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se. por alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do progresso.

(..........) Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos
que o homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem mencionados. Os que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações temem que a ambição desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável.

(..........) O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevis- tado. Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de que o lugar era seu.