segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

III - O PARÁGRAFO

O parágrafo é marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda da folha e possui extensão variada: há parágrafos longos e parágrafos curtos. O que determi-na a extensão do parágrafo é a unidade temática, já que cada ideia exposta na redação deve corresponder a um parágrafo; por isso você poderá encontrar parágrafos longos e pará-grafos de uma linha apenas.
     As dissertações, normalmente, costumam ser estruturadas em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou três para o desenvolvimento e um para a conclusão).
     É claro que esta divisão não é absoluta.. Dependendo do tema proposto, da abordagem que se dê a ele , ela poderá sofrer variações. Mas é fundamental que você perceba o seguinte:  a divisão da dissertação em parágrafos (cada um correspondendo a a uma determinada ideia que nele se desenvolve) tem as funções de facilitar, a quem escreve, estruturar o texto coerentemente, e possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do texto em sua totalidade.
     Mas o que é propriamente um parágrafo?
     Veja o que diz Othon M. Garcia:
  
    “O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais um período, em que se desenvolve determinada ide   ia central, ou nuclear, a que agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.”   (GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa mods”:
7. ed. Rio de Janeiro. FGV, 1978. p. 273

     Essa definição, evidentemente, não se aplica a todo tipo de parágrafo: tratase de um modelo de parágrafo, denominado parágrafo-padrão, que, por ser cultivado por bons escritores modernos, o aluno poderá (e até deverá) imitar. O parágrafo-padrão apresenta a seguinte estrutura:
tópico frasal: período que contém a ideia central do parágrafo;
desenvolvimento: explanação do tópico frasal,
e conclusão.

     Nem todos os parágrafos apresentam essa estrutura (tópico frasal, desenvolvimento, conclusão). Em parágrafos curtos e naqueles cuja ideia central não apresenta complexidade, a conclusão costuma não aparecer. O importante é que você treine bastante a construção de parágrafos, procurando redigir o tópico frasal de forma clara, pois, como vimos, é nele que está contida a ideia que será desenvolvida.

  Poduzindo Texto

   A proposta de redação que apresentamos a seguir foi solicitada em exame vestibular da FUVEST-SP:

                                                O menino é pai do homem

    Cresci: e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância.Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
    Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra cousa; fui dos mais malignos do meu tempo,"arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza go tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer a minha mãe que a es-crava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo, — mas obedecia, sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu
retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se ás vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.
       Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida  a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei O tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
                                                      (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Faça uma dissertação em que você analise o significado da frase: “O menino
é pai do homem”.
É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema proposto, da

Texto para as questões de 1 a 4.

“No meio da década de 20, quando o automóvel tinha feito sua aparição com
força total, caminhar pelas grandes avenidas europeias era sair para ser expulso
da rua pelo tráfego. 'Foi como se o mundo tivesse subitamente enlouquecido,
dizem as pessoas quando fazem referência a essa época. O homem sentia-se
diretamente ameaçado e vulnerável. 'Deixar nossa casa significava que, uma vez
cruzada a soleira da porta, nós estávamos em perigo e podíamos ser mortos
pelos carros que passavam." Chocadas e desorientadas, as pessoas comparavam
a rua de então com a de sua juventude: 'A rua nos pertencia: cantávamos nela,
discutíamos nela, enquanto os cavalos e veículos passavam suavemente: A rua
era, portanto, pouco tempo antes, o espaço que acolhia os homens, que lhes
permitia se moverem à vontade, em um ritmo que podia acolher tanto as discus-
sões quanto a música; homens, animais e veículos coexistiam pacificamente em
uma espécie de paraíso urbano. Acontece que esse idílio terminou, as ruas pas-
saram a pertencer ao tráfego, e o homem sobreviveu a esse tipo de mudança.
Depois de esquivar-se e lutar contra o tráfego, acabou identificando-se por intei-
ro com as forças que o estavam pressionando. O homem da rua incorporou-se ao
novo poder, tornando-se o homem no carro.
A perspectiva desse novo homem no carro gerou uma nova concepção de rua,
que passou a orientar os planejamentos urbanos daí por diante. 'Numa rua ver-
dadeiramente moderna" — diziam, então, os especialistas — 'nada de pessoas,
exceto as que operam as máquinas; nada de pedestres desprotegidos e
desmotorizados para retardar o refluxo'.”

1. (PUCC-SP) Assinale a alternativa correspondente ao tema em torno do qual se organiza
o discurso acima:
a) o paraíso urbano e a máquina d) o homem antigo e o moderno
b) o homem e o espaço urbano e) a modernidade e o poder da máquina
c) o tráfego no mundo moderno

2. (PUCC-SP) O texto defende a tese de que:
a) o homem, quando pressionado, alia-se às forças adversas e incorpora-se a seu poder
b) o homem, no passado, conheceu uma espécie de paraíso urbano, mas corrompeu-o
e dele foi expulso
c) o mundo moderno só admite pessoas que sabem operar as máquinas com perícia
d) a utilização do espaço pelo homem depende de sua relação com o mundo
e) o homem, no mundo moderno, cedeu seu espaço à máquina; por esse motivo, dá
mais importância a ela do que a si próprio

3. (PUCC-SP) “O homem da rua incorporou-se ao novo poder. tornando-se o homem no carro.”
Essa afirmação foi utilizada, no texto, para demonstrar que:
a) o homem tornou-se moderno quando trocou o andar a pé, na rua, pelo andar de
automóvel nas grandes avenidas
b) o homem, aliando-se à máquina, descobriu um novo poder e deu novo ritmo a todos
os seus atos
c) a integração perfeita do homem à rua antiga foi abandonada quando ele se identifi-
cou por inteiro com a máquina
d) o carro deu ao homem novas perspectivas de vida, gerando, inclusive, um tipo de
urbanização que proteje o pedestre
e) o homem mudou e, em decorrência disso, surgiu uma nova concepção de rua

4. (PUCC-SP) Observando-se o tipo de composição do texto, conclui-se que ele é:
a) dissertativo, com elementos narrativos e descritivos
b) narrativo, com elementos descritivos e dissertativos
c) descritivo, com exclusão de argumentos
d) narrativo, com exclusão de descrições
e) dissertativo, com exclusão de argumentos

5. (FAZLES-SP) “A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras”
(Alcântara Machado) Indique o termo que denota ambiguidade:
a) suas c) benzina e) limpou
b) vizinhança d) com
6. (UNICAMP-SP) Qual a frase com erro de concordância?
a) Para o grego antigo a origem de tudo se deu com o Caos.
b) Do Caos, massa informe, nasceu a Terra, ordenadora e mãe de todos os seres.
c) Com a Terra tem-se assim o chão, a firmeza de que o homem precisava para seu
equilíbrio.
d) Ela mesma cria um ser semelhante que a protege: o Céu.
e) Do Céu Estrelado, em amplexo com a Terra, é que nascerá todos os seres viventes.

7. 4ITA-SP) Assinale a alternativa em que a pontuação esteja correta.
a) Ele não virá hoje; não contem, portanto, com ele.
b) O reitor daquela famosa universidade italiana, chegará aqui amanhã.
c) São José dos Campos 15 de março, de 1985.
d) Quero que, assine o contrato.
e) Qualquer bebida que, contenha álcool, não deve ser tomada por você.

“Nas questões seguintes, escolha a que mais diretamente se relacione, pelo sentido, com o vocábulo proposto.
8. (F.C. Chagas-SP) ataraxia
a) atrocidade, frieza c) indolência, preguiça e) tranquilidade, apatia
b) imobilização d) perda de peso

9. (F.C. Chagas-SP) epitalâmio
a) canto nupcial c) hino religioso e) sátira
b) enigma d) inscrição tumular

10. (F.C. Chagas-SP) erradio
a) cheio de erros c) errante e) pecaminoso
b) dogmático d) falível

“1, (UNICAMP-SP) Substitua a palavra destacada no trecho transcrito abaixo por outra que garanta o mesmo sentido ao texto (você poderá ainda fazer outras modificações, se as julgar indispensáveis).

“Se não chegam a configurar um processo de radicalização verbal e de
alarmismo deliberado, ainda assim são preocupantes e lamentáveis as declara-
ções do ministro da Indústria e Comércio, Roberto Cardoso Alves, de que parti-
dos como o PT eos PCs não deveriam ter existência legal, por não possuírem, na
A estruturação de um período já foi, com muita propriedade, comparada à
articulação de um esqueleto com seus vários ossos. Da mesma forma que de uma
articulação de ossoopinião do ministro, compromisso com a democracia.”

A estruturação de um período já foi, com muita propriedade, comparada à
articulação de um esqueleto com seus vários ossos. Da mesma forma que de uma
articulação de osso
resulta uma articulação de pensamentos, lembra-nos o prof. Mattoso Câmara.

Como vimos no capítulo 10, a redação de um período envolve o conhecimen-
to das relações existentes entre as orações que o formam: a coordenação e a su-
bordinação. A seguir, aprofundaremos nosso conhecimento desses dois proces-
sos básicos.


                                      A COORDENAÇÃO DE IDEIAS

    Observe esse período tirado do texto de Dante Moreira Leite:

  “Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora nossos deuses.”
   Nele, o autor, ao referir-se ao estrangeiro, expressa três pensamentos: ele (o estrangeiro) não se veste como nós; a fisionomia do estrangeiro pode ser diferente da nossa; (o estrangeiro) não adora os nosso deuses.

   Nesses três pensamentos expressos através de orações, não se percebe queo autor tenha dado maior importância a um que a outro. Eles aparecem encadeados sem que um deles predomine sobre o outro.
   Esse efeito é resultante do processo sintático que o autor utilizou para relacionar as orações: a coordenação.
   Na coordenação, não há dependência sintática: as orações se relacionam pelo sentido sem que haja entre elas uma hierarquia.
   Quando você faz uma descrição, a coordenação é muito útil para apresentar os detalhes daquilo que você descreve, permitindo ao leitor uma visão do todo sem que haja predominância de um detalhe sobre outro. Veja:

     Era alta, tinha cabelos loiros, os olhos eram azuis e costumava usar roupas brancas.

    Na narração, a coordenação nos permite apresentar a sequência de ações da personagem. É importante que você perceba que, na coordenação, embora não haja dependência sintática, as orações se dispõem em uma certa ordem, como no
exemplo abaixo:

      Acordou bem cedo, vestiu-se rapidamente e saiu para o trabalho.

   Veja que, embora independentes, a ordem em que essas orações coordenadas aparecem no período não pode ser alterada, pois prejudicaria o sentido da
frase.
   A coordenação é muito útil quando queremos enumerar fatos, ações ou ideias.
   Na coordenação, as orações podem vir relacionadas por conectivos (as conjunções coordenativas), que estabelecem entre elas dependência semântica.
    As orações coordenadas podem indicar as seguintes idéias:
adição ou concatenação: Jorge acordou cedo e saiu apressado.
oposição ou contraste: Saiu apressado, mas não estava preocupado.
alternância: ora estava preocupado, ora estava distraído.
conclusão: estava doente, portanto não pôde comparecer.
explicação: Vá correndo, que já é tarde.
  Na dissertação, a coordenação assume importante valor expressivo principalmente quando argumentamos, pois com frequência enumeramos, explicamos ou damos ênfase a um contraste. No texto de abertura encontramos um bom exemplo de concatenação de ideias:

    “...na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa.”

     Outro tipo de relação muito comum na argumentação é a de explicação, como nos exemplos abaixo:

    “A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem-estar, pois supomos entender...”

     “E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes...”

     Já na conclusão, como o próprio nome indica, estabelece-se uma relação conclusiva, via de regra introduzida pela conjunção portanto.

                                    A SUBORDINAÇÃO DE IDEIAS

    Na subordinação a relação entre as orações é mais íntima, já que há entre elas uma relação não só de dependência de sentido, mas também de dependência sintática: uma oração não sobreviveria sem a outra, o que torna o período composto por subordinação mais coeso.
    Veja o exemplo tirado do texto de abertura:

     “Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. ”

   A relação entre as orações é tão estreita que cada uma delas não tem sentido algum quando isolada: só fazem sentido quando tomadas em relação ao todo.
    As orações subordinadas são utilizadas para:
1) complementar a significação de outra oração (chamada principal):
    Era necessário que todos comparecessem à reunião.
2) ampliar o sentido de um nome:
Não encontramos as pessoas que deveriam nos indicar o caminho.
3) indicar alguma circunstância:
Não visitamos aquela praia quando lá estivemos.
    As orações subordinadas que indicam circunstâncias são muito úteis para
caracterizar um fato que está sendo narrado, já que podem indicar diversas circunstâncias de um mesmo fato. Veja:

                                           enquanto os outros saíam. (tempo)
                                           onde deveria ficar. (lugar)
Luciana ficou                      porque não quis sair. (causa)
                                           a fim de não prejudicar os demais. (finalidade)

     Em geral, a construção de períodos pressupõe a ocorrência simultânea dos processos sintáticos de coordenação e de subordinação; pode-se, por exemplo, utilizar a coordenação para ligar orações subordinadas, como no exemplo tirado do texto de Dante Moreira Leite:

      “Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo E = go, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação”.

     Observe que as orações subordinadas que ampliam a significação do nome estão coordenadas entre si: em que nascemos e crescemos.

sábado, 28 de setembro de 2019

II - OS DEFEITOS DE UM TEXTO


     Ao escrever, devemos evitar defeitos que podem prejudicar a compreensão do nosso texto. No capítulo anterior, tratamos das qualidades que devem ser cultivadas: a clareza,
a concisão, a correção e a elegância. Vamos agora tratar de alguns defeitos que empobre-cem o texto.

AMBIGUIDADE
    Ocorre ambiguidade (ou anfibologia) quando a frase apresenta mais de um sentido.
    Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. E considerada um defeito da prosa, porque atenta contra a clareza.
    Veja agora alguns exemplos de frases ambíguas:
    João ficou com Mariana em sua casa.
— Alice saiu com sua irmã.
    Nos exemplos acima, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento.  Portanto, muito  cuidado  no  emprego  desse pronome possessivo. Você pode evitar a ambiguidade, substituindo-o por dele(s) ou dela(s).

ObSCURIDADE
    Obscuridade significa falta de clareza”. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação. Observe:
    Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e ele-gantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa,aturada e continua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tem-po.

PLEONASMO
    O pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um termo. Veja:
A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.
Ele teve uma hemorragia de sangue.
    Convém notar, no entanto, que bons autores costumam recorrer ao pleonasmo
. Em função estilística, a fim de tornar a mensagem mais expressiva. Nesse caso, o
pleonasmo não é considerado um defeito. Veja os exemplos abaixo:
“A mim, ensinou-me tudo. ” (Fernando Pessoa)
“A ti, trocou-te a máquina mercante. ” (Gregório de Matos)

 CACOFONIA
    A cacofonia (ou cacófato) consiste na produção de som desagradável pelaunião das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra. Veja:
Nunca gaste dinheiro com bobagens.
Uma herdeira confisca gado em Mato Grosso.
Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.

ECO
    Consiste na repetição de palavras terminadas pelo mesmo som. Observe:
A decisão da eleição não causou comoção na população.
O aluno repetente mente alegremente.

PROLIXIDADE
    A prolixidade consiste na utilização de mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia; é, portanto, o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”, não ir direto ao assunto.


    Nessa tira, para fazer uma simples pergunta, Lester usa a “terminologia e fraseologia" que julga  confusas e que questiona...

    O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo. Expressões do tipo: “antes de mais nada”, “pelo contrário”, “por outro lado”, “por sua vez” são, muitas vezes, utilizadas só para prolongar o discurso. Cuidado com elas.

Veja o exemplo abaixo:

                        Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos?

     Antes de mais nada, não saberia responder com exatidão. Grosso modo, há sempre uma eterna divergência entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes, estranho. que chega a escandalizar os mais velhos... Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm absolutamente nada a transmitir aos mais idosos.
   
    Além dos defeitos que apontamos, procure evitar as frases feitas, os chavões,
pois empobrecem muito o texto. Veja alguns exemplos:
“inflação galopante”
“vitória esmagadora”
“esmagadora maioria”
“caixinha de surpresas”
“caloroso abraço”
“silêncio sepulcral”
“nos píncaros da glória”

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

I - AS QUALIDADES DE UM TEXTO

     SE  VOCÊ ESTÁ INICIANDO SEUS ESTUDOS DE REDAÇÃO AGORA, ACONSELHO QUE COMECE A USAR ESTE BLOG PELAS POSTAGENS A PARTIR DE OUTUBRO DE 2015 ONDE COMEÇO UM TRABALHO A PARTIR DE UMA APOSTILA POR MIM ELABORADA, MAIS SIMPLES E PRÁTICA PARA UMA ALUNO INICIANTE.
  SE O SEU FOCO É O ENEM, ACONSELHO  A COMEÇAR A PARTIR DAS POSTAGENS DE MARÇO DE 2017 QUE SÃO BASEADAS NUM EXCELENTE LIVRO DE ANDREA RAMAL, ESPECIALISTA NO ASSUNTO.
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I - AS  QUALIDADES DE UM TEXTO

     Não existem fórmulas mágicas para fazer uma boa redação. O exercício contínuo, aliado à prática da leitura de bons autores, e a reflexão são indispensáveis para a criação de textos.
       Não pretendemos aqui formar escritores, como também não dispomos de uma “varinha mágica” que lhe permita, de um momento para o outro, tornar-se um escritor consagrado. Nossa tarefa, neste capítulo, será a de apontar algumas qualidades que você deve observar na produção de seu texto.
       São qualidades da redação que você deve cultivar: a concisão, a correção, a clareza e a elegância.

A CONCISÃO

      Ser conciso significa que não devemos abusar das palavras para exprimir uma ideia. Deve-se ir direto ao assunto, não ficar “enrolando linguiça”. Significa enfim, eliminar tudo aquilo que é desnecessário.
                                                        
A CORREÇÃO

     A linguagem utilizada na redação deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática.
       Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece de cor todas as regras gramaticais. Por isso, em caso de dúvidas na redação, não hesite em consultar um bom livro de gramática.
   Tome cuidado com alguns desvios de linguagem que comumente aparecem em redações:
1º) Grafia — tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Em caso de dúvidas, consulte o dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça. Não se esqueça de verificar a acentuação das palavras.
2º) Flexão das palavras — cuidado com a formação do plural de algumas palavras, sobretudo as compostas (primeiro-ministro, abaixo-assinado, luso-brasileiro, etc.)
3º) Concordância — lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si.
4º) Regência — fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição a, a fim de não cometer erro no emprego da crase.
5º) Colocação dos pronomes — observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, lhe, o, a, os, as).

A CLAREZA

       A clareza consiste na expressão da ideia de forma que possa ser rapidamente compre-endida pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não contradizer-se, não confundir o leitor.
     São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos, o vocabulário rebuscado ou impreciso.

A  ELEGÂNCIA

      A elegância consiste numa leitura de texto agradável ao leitor. É  conseguida  quan-
do se observam as qualidades que apontamos anteriormente (a correção gramatical, a clareza e a concisão) e também pelo conteúdo da redação, que deve ser original, criativo.
     Lembre-se de que a elegância deve começar pela própria apresentação do texto. Deve apresentar-se limpo, sem borrões ou rasuras e com letra legível.
      Sua redação será avaliada segundo os critérios da adequação à modalidade escrita em língua padrão: você deverá demonstrar em sua redação, capacidade de exprimir-se de forma adequada ao estilo escrito e formal. Em certas circunstâncias poderão ser aceitas modalidades próprias da linguagem oral (por exemplo, se você estiver reproduzindo um diálogo coloquial. É diálogo coloquial, em uma narrativa). Você deverá também revelar um bom domínio das regras gramaticais da língua culta; do sistema ortográfico e dos recursos de pontuação. (Manual do candidato — Unicamp-SP)



terça-feira, 23 de outubro de 2018

OS SETE PECADOS CAPITAIS - SÉTIMO PECADO CAPITAL: PRONOMES




1.    Pronomes relativos: onde/ aonde/ cujo
      
     Um aspecto muito cobrado na redação é a coesão, lembra? O pronome relativo ajuda muito nesse ponto, pois serve para relacionar as orações,evitando repetições. Portanto, ele é um excelente aliado ao escrever.
Veja um exemplo:
               
          Essa é a notícia. A notícia surpreendeu a todos.
          Essa e a notícia que surpreendeu a todos.
     
   O pronome relativo ajudou a evitar a repetição e, além disso, permitiu relacionar as orações, sem necessidade de duas frases separadas. ª
   Você verá agora alguns casos específicos relacionados aos erros mais comuns no uso de certos pronomes relativos nas redações dos candidatos do Enem e principais vestibulares.
   O pronome onde deve ser usado quando faz referência a lugar.

 
   Atenção, cuidado para não confundir onde e aonde. Veja esta forma bem fácil de
lembrar da distinção:

. Aonde – Dá ideia de movimento(ir, vir, chegar) e se relaciona a verbos que pedem tal
preposição  (a + onde).
Exemplo: Aonde chegaremos com tantos casos de falta de ética?

. Onde -> Refere-se a lugares e costuma indicar permanência, lugar em que se passa um fato.
Exemplo: Ao ver tanta falta de humanidade, muitos se perguntam: onde estamos?
    
. O pronome relativo cujo tem uma característica especial: ele expressa relação de propriedade. Ou seja, indica que algo pertence a alguém.
Exemplo:
        A ínfraestrutura
             é da cidade

     A  cidade cuja infraestrutura  for mais bem avaliada será sede do próximo grande evento esportivo mundial.
   
Fique atento para não cometer erros muito comuns! Veja no quadro





2.Pronomes demonstrativos; esse, este, aquele
    Os pronomes demonstrativos são empregados para deixar clara a posição de uma palavra no tempo, no espaço e no próprio texto.

º Este

    Refere-se a algo que está próximo do falante, ou introduz uma nova ideia, não mencionada antes no discurso; ou, ainda, refere-se a tempo presenteou futuro.

Exemplos:

 Este país enfrenta, há décadas, o problema da queda do índice de chuvas.

 >   Pelo contexto infere-se que se fala do país onde o falante escreve.

 Neste século, embora mal tenha começado, já tivemos importantes avanços.
  > Diz respeito a um tempo próximo, ou ao século em que estamos.

Esta tese de que os estrangeiros são mais trabalhadores não convence ninguém.
Ø  Não  havia se falado em tal tese, até o momento, no texto.

. Esse

     Dá ideia de algo que é mais próximo do ouvinte, ou indica referência a algo já mencionado antes, no discurso; ou, ainda, fala de um tempo recente.

Exemplos:

Você  se matriculou em quantas disciplinas nesse curso da sua faculdade?
      > O curso é da faculdade do ouvinte, portanto, está mais próximo
dele.

A faculdade abrirá seleção no meio do ano. Essa medida aumentará asmatrículas.
      > Refere-se ao que foi mencionado na frase anterior.

Como não lembrar da festa que a faculdade organizou semestre passado? Nesse evento, todas as músicas foram muito bem escolhidas.
      > Refere-se a algo que “aconteceu num passado recente.

. Aquele

   Faz referência a um fato ou a um objeto distantes de quem fala e também do ouvinte. Além disso, usa-se quando falamos de dois termos, para dizer algo específico do primeiro. Na ideia de tempo, é usado quando há referência a um passado mais distante.

Exemplos:

Aquele relatório apresentado na reunião dos dirigentes tem dados incorretos.
     > Refere-se a algo que não está próximo do falante nem do ouvinte.
Justiça e violência estão muito relacionadas; esta surge quando aquela falha.
   > “Esta” refere-se ao termo mais próximo (violência); “aquela” serefere ao que foi dito primeiro (justiça).

O Brasil tornou-se independente em 1822. Mas naquele ano não se imaginava o quanto faltava para sermos verdadeiramente autônomos.
      > Refere-se a um passado distante.

EXERCÍCIOS

1. Indique a frase em que o pronome relativo está utilizado corretamente

A) E um país de cujo povo se                            C) O chanceler fez um discurso
pode esperar uma excelente                              magnífico, cujo indicou a  im-
acolhida.                                                              importância da paz.

B) Feliz a nação cujos os                                   D) E preciso poupar os recursos
governantes só pensam no bem                        hídricos, sem os cujos não pode-
de todos.                                                             remos viver.

2. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase:
A desigualdade crônica das                                    A) a qual / cujas
regiões Norte e Nordeste
..........................se refere o                                     B) a que / em cujas
pesquisador se perpetua
ainda hoje nos municípios                                       C) às quais / em cujas
..........................terras vive
uma pequena parcela da classe                             D) à qual / cujas as
dominante.

3. Assinale a opção que apresenta o complemento perfeito para as lacunas das três frases que seguem:
I. O momento ____________________ vivemos tem nos trazido diversas preocupações relacionadas à falta de energia e água.
II. O jornal de hoje reafirma a informação __________________ os repórteres se referiram na edição anterior.
lll. Todos desejam entrar na faculdade ________________ alcança os melhores índices na avaliação.
A) onde - a que – que                       C) em que - que - cuja
B) onde - a que - cuja                        D) em que - a que - que

4. Considere as seguintes ideias, que um aluno deseja transmitir em sua redação:
l. A participação em redes sociais permite a comunicação com pessoas das mais diversas culturas.
II. As publicações feitas nas redes sociais podem ser vistas por internautas de todo o planeta.
Como o aluno poderia juntar mais adequadamente as duas ideias numa única frase, valendo-se de um pronome relativo?
A) A participação em redes                                              C) Pessoas das mais diversas
sociais, cujas publicações                                                culturas podem participar de
podem ser vistas por                                                        redes sociais, cujas publicações
internautas de todo o planeta,                                          permitem a comunicação com
permite a comunicação com                                           pessoas das mais diversas
pessoas das mais diversas                                            culturas.
culturas.

                                                                                        D) A participação em redes
B) As publicações das redes                                           sociais, em que pode ser
sociais, cuja participação                                                 vista por internautas de
permite a comunicação com                                            todo o planeta, permite a
pessoas das mais diversas                                              comunicação com pessoas das
culturas, podem ser vistas por                                         mais diversas culturas.
internautas de todo o planeta.

5. Assinale a alternativa em que todas as opções para completar as frases empregando o pronome relativo estão corretas:
I. O sonho __________ me refiro é tão concreto quanto os objetivos você visa: entrar na faculdade.
II. Já está decidido o abrigo ____________ os que ficaram sem teto ficarão alojados, é o lugar _______________ irão quando houver riscos de desabamentos.
III. Os candidatos _________ notas foram desconsideradas devem pedir desculpas a fiscal __________ desobedeceram.
A) I. a que, a que; 11. onde, aonde;                               C) I. a que, a que, II. onde, aonde,
    III. cujas as, a qual.                                                         III. cujas, a quem;
B) I. que, que; 11. aonde, onde; V.                                    D) I. de que, que; II. aonde, onde,
     cujas, que;                                                                       III. cujas, à quem;

6. Indique a alternativa que completa corretamente as lacunas do trecho
que segue:
Os baixos níveis de água da lagoa e dos rios alarmavam a população;
porém estavam com mais volume do que
A) esses, aquela.     B) estes, aquela     C) estes, essa      D) aqueles, esta

7. Assinale a alternativa em que aparece um erro no uso do pronome demonstrativo:
A) “Conte comigo”: são essas as palavras que raramente escutamos.
B) O Brasil nunca mais seria o mesmo depois desse dia de março de 1964.
C) Não podemos esquecer que esse imposto dado aos produtores é do povo.
D) Nunca poderíamos concordar com aquelas ideias tão preconceituosas.

8.Na prova do Enem 2011 o tema pronomes foi objeto de uma questão. O enunciado apresentava um diálogo que dizia:

                          -  Vamos arrasar eles!
                          -  Vamos! Mas antes, vamos acertar o pronome.

O humor decorre da reação do personagem com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma-padrão da língua, esse uso é inadequado, pois:
A) contraria o uso previsto para o                         C) gera inadequação na
registro oral da língua.                                           concordância com o verbo.

B) contraria a marcação das                                 D) gera ambiguidade na leitura do
 funções sintátlcas de sujeito e                             texto.
 objeto.

E) apresenta dupla marcação de
sujeito.

GABARITO
1.A      2.B     3.D     4.A     5.C       6.B     7.B       8.B


DICAS PRÁTICAS

. Fique atento às regras de pontuação! Na linguagem oral, a expressividade é dada pela entonação e os gestos. Na modalidade escrita, você conta com as vírgulas, pontos de exclamação e interrogação e outros.

. Ao rever a pontuação do seu texto, verifique se todas as frases terminam de forma adequada: com o ponto final (ou, eventualmente, com exclamação ou interrogação). Frase sem ponto final é ideia solta, sem acabamento.

. Não use abreviaturas nem siglas desconhecidas.

. Não use termos estrangeiros, se o equivalente já existir em português. Por exemplo: xampu (em vez de shampoo), comércio eletrônico (em vez de e-commerce), vôlei (em vez de volley), clipe (em vez de clip), estande (em vez de stand), estresse (em vez de stress) e assim por diante.

. Não use linguagem própria da internet, como abreviações ou emoticons.

. Escreva com letra clara. Isso é decisivo! Letra difícil de entender pode dar a ideia de que há erros de acentuação e de pontuação onde não há. Além disso, a boa letra contribui com a fluidez do texto. Facilite a compreensão do avaliador da redação.

RESUMO  EXECUTIVO

Nesta parte você viu que:
.  Há que evitar as marcas de oralidade e informalidade na redação.

. O texto deve respeitar os padrões da modalidade escrita formal.

. Para seguir as regras de concordância verbal, o verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número.

. De acordo com as normas de concordância nominal, devem concordar com o nome todos os seus modificadores - pronome, artigo, adjetivo, numeral, em gênero e número.

. A regência verbal é a relação de subordinação entre o verbo e seus complementos. Ela ajuda a estabelecer relações entre as palavras e, assim, garante que expressem o sentido pretendido.

. De maneira informal se diz que, de acordo com a sua regência, o verbo pode “pedir” ou “não pedir” uma preposição ao se ligar com seus complementos.

. A regência nominal é a relação de subordinação entre o nome substantivos, adjetivos, advérbios e seus complementos. Ela pode ser intermediada por uma preposição.

. Certos nomes admitem mais de uma regência, isto é, mais de uma preposição. A decisão
pela preposição a ser utilizada é importante para que a frase seja bem compreendida.

. Na regência nominal, muitos nomes apresentam o mesmo regime dos verbos dos quais são derivados.

. A crase é a contração de “a" (preposição) com outro “a” (que pode ser artigo ou pronome).

. Avírgula nunca deve ser usada para separar o sujeito do verbo, ou o verbo dos seus complementos.

. A língua culta está nos livros, nos jornais e nos materiais escritos por quem faz um bom uso dela.Quanto mais lemos textos de qualidade, mais chances temos de escrever bem, dominando intuitivamente as regras gramaticais e a ortografia.