quinta-feira, 12 de maio de 2016

A DESCRIÇÃO DE AMBIENTES E PAISAGENS

  Toda vez que nós quisermos descrever um lugar, devemos primeiramente apontar se esse local é fechado ou aberto, Caso seja um local fechado, nós o denominaremos ambiente; se, entretanto, for um lugar a céu aberto, chamaremos paisagem.
   A paisagem. por sua vez, pode ser rural (campestre) ou urbana (vista que se tem de uma cidade).
   Cumpre, dessa forma, elaborar dois esquemas básicos: o da descrição de ambientes e o da descrição de paisagens.

A descrição de ambientes

   Segundo nossa concepção. a descrição de ambientes obedeceria ao seguinte esquema:

                                   Esquema de descrição de ambientes
                                                       Título

1º parágrafo
Comentário de caráter geral.
Introdução

2º parágrafo
Detalhes referentes à estrutura global do am- biente: paredes (janelas e portas), chão, teto, lu- minosidade e aroma se houver.


Desenvolvimento

3º parágrafo
Detalhes específicos em relação a objetos lá exis- tentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, escul- turas ou quaisquer outros objetos

Desenvolvimento
4º parágrafo
Observações sobre a atmosfera que paira no ambi-ente.
Conclusão


   De acordo com as indicações deste esquema, é bom começar a descrição do ambiente escolhido com uma referência qualquer ao lugar como um todo. Uma possibilidade é localizá-lo mais precisamente: casa, museu, biblioteca, bairro. cidade. etc. Há, porém, inúmeras outras possibilidades de fazermos um comentário que não revele apenas um detalhe insignificante.
   No início do Desenvolvimento, tratamos da estrutura do ambiente. Falamos de como são suas paredes (cor, estado de conservação, etc.), apontando a existência e a loca- lização de janelas e portas. Comentamos, em seguida, as características do chão e do teto, fazendo também observações acerca de sua cor, material com o qual são construí- dos, estado de conservação e outros detalhes relevantes. Ao falarmos sobre a luminosi- dade, podemos mencionar, por exemplo, a presença de lustres luxuosos ou, dependendo do local, de uma certa escuridão decorrente da má iluminação. Ainda é possível fazer referência ao aroma de plantas lá existentes ou a outros menos agradáveis, como o do mofo. Tudo dependerá do tipo de ambiente que você estiver descrevendo.
   No segundo parágrafo do Desenvolvimento, entramos em pormenores. Escolhemos uma ordem (ou direção) para descrever os móveis, utensílios ou adornos do local. A ordem tanto pode ser da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, como também de trás para a frente, ou vice-versa, levando-se em conta a posição do observador e a disposição dos objetos.
    Na Conclusão, terminamos por fazer um comentário de caráter geral, que pode ser, por exemplo, sobre a atmosfera do ambiente descrito (de luminosidade, cor e alegria, ou de desolação e tristeza), ressaltando a impressão que causa em quem dele se aproxima ou o frequenta.

    Veja agora um exemplo de descrição de ambiente, feito com o auxílio do esquema que acabamos de mostrar.

                                               O lugar e o tempo

    Ao entrar na sala daquele casarão antigo, tem-se, de início, uma desagradável sensação de abandono e de uma certa tristeza.
   As paredes, já quase sem cor devido à ação do tempo, as duas janelas fechadas, com suas venezianas carcomidas, situadas na parede oposta à porta, também velha, davam a quem lá chegava a impressão de estar adentrando um museu abandonado. O chão já sem brilho e o teto no qual havia um lustre luxuoso, mas empoeirado e com poucas lâmpadas em funcionamento, confirmavam a impressão inicial. Sentia-se também no ar o odor dos tapetes embolorados.
   Da porta, avistavam-se logo à frente alguns móveis em estilo colonial, muito antigos, mas belíssimos - verdadeiras raridades. No centro da sala, uma mesa de cor marrom sobre um tapete persa de rara beleza. Mais perto da porta, uma poltrona revestida por um tecido amarelo florido e, como os outros móveis, empoeirada. Nas paredes, quadros de paisagens e retratos daqueles que algum dia habitaram o que deveria ter sido uma casa esplendorosa.
    Em toda a sala pairava uma atmosfera de desolação, de decadência, de en- velhecimento, que causavam em quem a contemplava uma sensação de nostalgia.
           

OBSERVAÇÃO:
    Lembre-se de que a pessoa que descreve pode ou não aparecer, em alguns momentos, em meio à descrição. Isso não ocorreu no exemplo acima. Entretanto, você pode fazê-lo, conforme sua vontade.

EXERCÍCIO
    Treine você também. Descreva, com base no mesmo esquema, uma sala de jantar, seu quarto ou sua sala de aula. Procure criar um título original.
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A  descrição  de  paisagens

    A descrição de paisagens, por sua vez, propicia a elaboração de um outro esquema.
    Tanto a paisagem urbana quanto a rural podem ser descritas através do esquema que
mostraremos agora:

                            Esquema  de  descrição  de  paisagens
                                                      Título
1º parágrafo
Comentário sobre sua localização ou qualquer
outra referência de caráter geral.
Introdução
2º parágrafo
Observação do plano de fundo: explicação do que se vê ao longe.
Desenvolvimento
3º parágrafo
Observação dos elementos mais próximos do observador: explicação detalhada dos elementos que compõem a paisagem. de acordo com determinada ordem.


Desenvolvimento

4º parágrafo
Comentários de caráter geral, concluindo acer-ca da impressão que a paisagem causa em
quem a contempla
Conclusão

       
      Na Introdução, convém mencionar onde se localiza a paisagem que você está des- crevendo: região, município, estado, etc., ou fazer qualquer referência de caráter geral.
      No início do Desenvolvimento, no segundo parágrafo, você começa explicando o que vê ao longe., como está o céu (ensolarado. nublado, etc.) e o que se enxerga no plano de fundo (algumas montanhas, regiões de florestas, a zona periférica da cidade,etc.).
     Ainda no Desenvolvimento, no terceiro parágrafo, é hora de dizer o que você con- segue avistar em um plano mais próximo. Em outras palavras, você descreverá os ele- mentos que se encontram mais perto do observador, seguindo uma determinada ordem da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda), de tal modo que fique claro para o leitor a posição em que eles se encontram.
    Se preferir, nada o impede de escrever primeiro sobre os objetos que estão mais próximos do observador, para depois fazer referência ao plano de fundo. Dessa maneira, você inverteria a ordem dos dois parágrafos do Desenvolvimento.
    Na Conclusão retoma-se novamente qualquer observação de caráter geral, isto é, algo relativo à paisagem como um todo. Procure falar sobre a impressão que a paisagem causa em quem a contempla, mencionando, por exemplo, se ela reflete grande beleza (uma fazenda repleta de rica vegetação, ar puro) ou provoca uma sensação desagradável (uma metrópole poluída, de aparência um tanto sombria). Lembre-se de que você pode fazer qualquer comentário, desde que não mencione um detalhe insignificante da paisagem que está descrevendo.
    Leia agora dois exemplos de descrição: um de paisagem rural e outro de urbana.
     As duas composições foram elaboradas com o auxilio do esquema de descrição de pai-
sagens.

                                 Sítio Alvorada: um recanto especial

      Nas proximidades da cidade de Campo Limpo existe um pequeno sítio. Situa- se em um terreno inclinado e arborizado quase que em sua totalidade,
     Olhando-se da casa construída bem no centro do sítio, veem-se, até onde a vista alcança, outros pequenos sítios com as mesmas características e, bem ao fundo, algumas colinas cujo verde cintila pela ação dos poderosos raios de sol.
     Em sua parte mais baixa, existe um milharal que se estende até a casa de paredes brancas e janelas enormes. Em frente à varanda há um jardim com flores variadas, que exalam perfumes agradáveis e suaves. Já ao lado da casa existe um poço e, subindo um pouco mais, avista-se um pomar repleto de árvores frutíferas, em especial mangueiras, além da horta, onde predominam certos tipos de vegetal. Em sua parte mais alta, não cultivada, há um pequeno gramado, onde as crianças costumam brincar e, de lá de cima, contemplar toda a região.
    Estar ali, em meio ao pomar ou ao jardim, respirando aquele ar puro, com o leve aroma dos eucaliptos que circulam a região, traz a qualquer um que frequente o local uma profunda sensação de paz. Lá reinam o silêncio e a harmonia entre o homem e a natureza.
        Veja agora como podemos descrever uma paisagem urbana. Faremos o observador
aparecer no texto em alguns momentos.

                                Um patrimônio de todos os paulistanos

     Do alto do edifício em que trabalho avisto, todos os dias, uma das mais importantes avenidas da cidade de São Paulo.
    Hoje, nesta manhã nublada, a poluição, mais do que nunca, domina o ambiente, e posso ver daqui de cima os grandes edifícios aparentemente cinzentos, mas imponentes e gigantescos, que se estendem por toda a avenida.
    Do exato lugar em que me encontro, percebo, do outro lado da rua, o contraste criado por um enorme edifício, quase todo de vidro, de arquitetura arrojada, e uma casa antiga, do início do século, a qual certamente pertenceu a um "barão do café". Do lado direito da casa, um outro edifício, um pouco menor, que abriga vários escritórios dos quais entram e saem pessoas a cada instante.
    Ao contemplar este panorama e a movimentação frenética das pessoas, que caminham apressadamente em todas as direções, tem-se o exemplo mais característico do espírito empreendedor desta avenida - retrato autêntico do progresso, movido por todos que contribuem com sua energia produtiva.

EXERCÍCIOS

1.Elabore uma redação valendo-se dos elementos que constam no esquema de des- crição de paisagens. Descreva uma fazenda que você tenha visitado ou que imagina poder existir em algum lugar. Dê-lhe um título interessante. Procure utilizar linguagem formal nesta composição.


2 . Faça uma descrição da rua em que você trabalha ou na qual mora. Não se esqueça de criar um título.